“Inverdades” Desportivas


Com tantos eventos de taberna a que a Federação Portuguesa de Remo apelida de Campeonato nacional, um deles tem de ser o principal e, desde há muitos anos, a escolha tem recaído sobre o Campeonato nacional de Velocidade.

Para que ninguém se surpreenda, a organização tem mantido uma linha coerente de incompetência, qual jumento a perseguir a cenoura… E, novamente, é com humores biliares de Hipócrates que os atletas, dirigentes e clubes partem de mais um destes incontáveis “campeonatos nacionais”.

A Federação não poderá ser responsabilizada directamente pela falta de verdade desportiva, pois não são eles que sopram todavia, a escolha da data e das horas das provas são da sua inteira responsabilidade!

Em Montemor o vento sopra…e bem forte! Pois, a pista “olímpica”, alias “o charco” para os amigos, recebe uma agradável brisa lateral que surpreendentemente provoca diferenças nas condições de prova caso se esteja na pista 1 ou na pista 7.

“Inverdade”??? Não!

Por várias vezes testamos com a mesma equipa realizar um percurso de regata de 2000 metros com vento e o resultado foi esclarecedor – nas pistas mais próximas da margem da torre de chegada (1,2,3,4), a mesma embarcação percorre cada troço de 250 metros dois segundos mais lento do que se estiver nas pistas 5, 6 ou 7. Fazendo a continha, são 16 segundos de diferença em 2000 metros – pouca coisa!

Não espanta que a pergunta inicial entre atletas seja: “em que pista estás?”. O fácies de quem ouve “pista número um” é suficientemente revelador!

Assim, assiste-se ao belo espectáculo de todas as equipas fazerem os possíveis e impossíveis para se deslocarem em direcção a águas mais favoráveis; perfeitamente compreensível, pois é o trabalho, esforço e dedicação de uma época que é “avaliado” nesse momento – não há jornada seguinte (todavia parece que os árbitros não o vejam dessa forma mas isso, é história para outro dia…).


Artur Antunes

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